Com potencial para se tornar um dos grandes players globais na economia do hidrogênio verde (H2V), o Brasil terá um desafio formativo pela frente: qualificar quase 3 mil técnicos e trabalhadores por ano para acompanhar a expansão da cadeia produtiva do setor. O dado é resultado de uma pesquisa realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que ouviu 128 especialistas e apontou as áreas de maior demanda profissional e as qualificações necessárias para impulsionar essa nova fronteira energética.

De acordo com o levantamento, o Brasil precisará formar anualmente cerca de 2.863 novos profissionais de nível técnico e médio. Também serão necessários 2.248 trabalhadores semiqualificados e não qualificados, além de cientistas e engenheiros altamente especializados, cuja demanda, embora menor em volume, é estratégica para centros de pesquisa e universidades.

Atualmente em fase de consolidação, o setor de hidrogênio verde no Brasil já desponta como promissor. O Ceará é um dos estados mais avançados, com investimentos estruturados e centros de formação profissional dedicados à área. O Senai, em parceria com a agência alemã GIZ, lançou o primeiro Centro de Excelência em Formação Profissional para Hidrogênio Verde no País, com laboratórios que simulam a operação real de usinas e infraestrutura voltada à qualificação prática de técnicos.

Perspectivas e setores em alta

 

Nos próximos dois a três anos, 56% dos especialistas entrevistados pelo Senai preveem que a produção de hidrogênio por eletrólise será a área de maior crescimento no Brasil, seguida pela produção a partir de biomassa (49%). Produtos derivados como amônia e metanol também devem ganhar espaço na economia do hidrogênio, gerando novas oportunidades de trabalho e inovação tecnológica.

Setores industriais intensivos em carbono, como o de aço, cimento, alumínio, vidro e cerâmica, estão entre os que mais demandarão profissionais especializados em hidrogênio verde, já que a substituição de combustíveis fósseis por H2V será essencial para descarbonizar suas cadeias produtivas. Indústrias químicas e petroquímicas, além do setor de transporte — incluindo trens, navios e veículos pesados movidos a células a combustível — também terão papel fundamental na absorção de mão de obra qualificada.
 

Marco legal impulsiona a profissionalização


A aprovação do marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono (Lei nº 14.948/2024) trouxe um novo patamar de exigência técnica, regulatória e ambiental para o setor. A legislação estabelece o Sistema Brasileiro de Certificação do Hidrogênio (SBCH2), regulamentado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e condiciona benefícios fiscais a investimentos em pesquisa, inovação e segurança.

Com isso, cresce a necessidade por especialistas em regulação, certificação, gestão ambiental, análise de risco, compliance e segurança industrial. O marco legal também obriga as empresas a adotarem planos de gerenciamento de riscos e processos sustentáveis em toda a cadeia produtiva, ampliando ainda mais o escopo de atuação dos profissionais.

 

Habilidades técnicas essenciais

Para quem deseja ingressar ou se especializar no setor de hidrogênio sustentável, algumas habilidades técnicas são consideradas fundamentais. Entre elas:

Conhecimento em sistemas de produção de H2V
 Entendimento de processos como eletrólise da água com energia renovável e produção a partir de biomassa. Técnicos devem dominar a operação e manutenção de usinas de eletrólise.


 Manuseio e transporte de gases
 Conhecimentos específicos sobre armazenamento e logística de hidrogênio, que exigem cuidados de segurança e infraestrutura especializada.


 Integração com fontes renováveis
 Capacidade de trabalhar com sistemas energéticos híbridos, integrando solar, eólica e outras fontes à produção de H2V.


Certificação e conformidade regulatória
 Compreensão do arcabouço legal vigente e aptidão para garantir que processos estejam alinhados com os requisitos nacionais e internacionais.


Segurança e gestão de riscos
 Formação em engenharia de segurança, análise de riscos e medidas preventivas para o manuseio de gases inflamáveis como o hidrogênio.


Pesquisa e inovação
 Habilidade para participar de projetos de desenvolvimento tecnológico, modelagem computacional, simulação de processos e soluções industriais.


Análise e gestão de dados
 Uso de ferramentas digitais para coletar, interpretar e otimizar dados operacionais e ambientais, apoiando decisões estratégicas.


Comunicação e trabalho em equipe
 Embora técnicas, essas competências também são essenciais para integrar equipes multidisciplinares e participar de projetos colaborativos com foco em inovação e sustentabilidade.

Formação e oportunidades

Com estimativas que apontam para a criação de até 5,4 milhões de empregos até 2050, o hidrogênio verde surge não apenas como vetor de transição energética, mas também como uma oportunidade concreta de desenvolvimento econômico e inclusão produtiva no Brasil.

Para atender a essa demanda crescente por profissionais especializados, o UniSenai PR conta com a  pós-graduação em Hidrogênio Renovável. Com início previsto para o segundo semestre de 2025, o curso foi estruturado para preparar engenheiros, tecnólogos e outros profissionais da área para os desafios técnicos, regulatórios e operacionais dessa nova cadeia produtiva. A especialização abordará temas como produção, armazenamento, transporte e aplicações do hidrogênio verde, com foco também em segurança industrial, inovação e sustentabilidade. A formação reforça o compromisso com o desenvolvimento de competências estratégicas que posicionem o Brasil como protagonista na transição energética global.
 

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